Uma das maneiras para se defender é exigir o teste de proveta
A gasolina adulterada é de longe o combustível mais adulterado no mercado brasileiro. Solventes diversos, tolueno, metanol e álcool anidro em excesso, são as substâncias mais comumente utilizadas pelos fraudadores. Segundo o Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes), as conseqüências para o veículo decorrentes do abastecimento com combustível "batizado" vão muito além da perda de potência do motor.
A adulteração de combustíveis vem aumentando consideravelmente após a entrada em vigor da Lei 9.990, de julho do ano passado, que praticamente eliminou a possibilidade de sonegação do PIS e da COFINS incidentes sobre a gasolina e o óleo diesel, via liminares obtidas na Justiça contra o pagamento desses impostos. Para obter lucro fácil, os sonegadores de ontem mudaram de atividade, passando a engrossar a máfia dos fraudadores.
Adição de álcool
O álcool anidro já é encontrado na gasolina e a atual legislação estabelece que o percentual não pode ser inferior a 19% nem superior a 21%. Só que, como o preço do álcool anidro é bastante inferior ao da gasolina antes da mistura, os fraudadores utilizam percentuais superiores ao determinado em lei. No ano passado, por exemplo, quando o percentual de álcool anidro estabelecido para a gasolina variava de 24% a 26% foram detectadas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) percentuais de até 31%.
A desregulagem do motor e o aumento do consumo são as primeiras conseqüências da adulteração da gasolina por excesso de álcool anidro. Com o tempo, a corrosão das partes metálicas do carro que entram em contato com o combustível vai se acentuando, podendo chegar até a inutilização desses equipamentos. Em casos mais graves, o acúmulo de resíduos provenientes da corrosão na câmara de combustão pode obrigar à abertura do motor para limpeza e substituição de peças.
Solventes e rafinados
A adição à gasolina de solventes e produtos rafinados, produzidos pela indústria petroquímica, tem crescido consideravelmente nos últimos anos. O excesso desses produtos na gasolina pode ser tão ou mais prejudicial que a adição de álcool anidro. Além da perda de potência e aumento do consumo, os resíduos da corrosão de tubos e deterioração das mangueiras de borracha e plástico em contato com o solvente tendem a se depositar no diafragma da bomba de gasolina.
O diafragma sujo faz com que a bomba de gasolina perca o poder de sucção. Em casos mais graves, obstáculos mais íngremes como rampas e ladeiras não conseguirão ser vencidos pelo veículo. Em diversos casos de adulteração de gasolina com solventes tem-se notado a presença de elementos estranhos depositados nas válvulas e dentro das câmaras de combustão do motor. Trabalhando com camadas de carvão em cima do pistão, a queima do combustível torna-se irregular, fazendo com que o desempenho do veículo caia.
Precauções
Para não se tornar mais uma vítima do combustível adulterado, os técnicos das distribuidoras asssociadas ao Sindicom aconselham os consumidores a não se deixar iludir pelo preço excessivamente barato do combustível, uma das formas mais utilizadas pelos fraudadores para facilitar a venda do produto. Abastecer sempre que possível em um mesmo posto também é importante por diversas razões, mas a principal delas é poder identificar sem dúvidas a origem do combustível adulterado.
Para isso, é conveniente solicitar notas fiscais após cada abastecimento. Essa prática também permite ao consumidor observar o estabelecimento. Se perceber que os tanques estão sendo abastecidos por caminhões sem a marca da distribuidora ao qual o posto está filiado o melhor é mudar de revendedor. Caminhão pintado de branco despejando produto nos tanques é indício de gasolina de procedência duvidosa.
Uma das maneiras que o consumidor dispõe para se defender da fraude na gasolina por excesso de álcool é exigir do posto o teste com utilização de uma proveta previsto na Portaria 248/00 da ANP. Ao contrário, não existe um teste simples capaz de apontar a adição de solventes e produtos rafinados na gasolina. A verificação só é possível com a utilização de sofisticada aparelhagem ou em alguns laboratórios especializados. O consumidor pode denunciar o posto ao Procon ou diretamente na ANP pelo telefone 0800 61 55 55.
Iniciativas
Seguindo a iniciativa da Shell, a Esso lançou o programa Gasolina Garantida, com utilização de marcadores exclusivos (os chamados DNAs) para assegurar a origem e a integridade do combustível. O recurso identifica se o produto realmente é da distribuidora e, em caso negativo, existe a possibilidade de adulteração do combustível. O investimento total no projeto é de R$ 50 milhões por parte da distribuidora. Os revendedores, em conjunto, investirão entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões. A Esso conta hoje com 2.400 postos no Brasil, sendo que, neste primeiro momento, apenas 1.000 estão aderindo ao projeto nas 18 regiões metropolitanas do país.
Fonte: http://www.automovel.com.br